Os
relacionamentos e o despertar
Somos
centelhas oriundas da mesma fonte. Partículas originais, únicas e eternas, que
dançam o jogo da existência através da experiência humana.
Somos
almas, consciências, expressões do divino, disponíveis para ser, experienciar,
viver e amar, neste jogo chamado vida, onde cada um é livre para vibrar, a mais
bela e pura condição existencial.
Somos
a fonte… somos o pulsar, o bater do coração do próprio cosmos, a verdade que
habita nos meandros da existência, antes até de sabermos o nosso nome e
criarmos a nossa identidade.
Somos
esse pulsar existencial, antes de qualquer religião, filosofia, crença,
conceito, história ou estilo de vida, que permanece intocável, original e único
em cada um de nós.
Vivemos uma época especial.
Uma época de consciência, verdade e desmistificação existencial. Esgotámos
todas as possibilidades. Experimentámos tudo o que estava ao nosso alcance, e
agora, estamos a chegar ao ponto de partida – quem somos nós afinal, neste
emaranhado jogo existencial? Porque nos relacionamos, e procuramos companhia?
Porque será que continuamos a protelar e a adiar, o relacionamento com a nossa
verdade primordial? Haverá uma forma de desmontar esta engrenagem de humanos
que quase se esquecem que o são?
Do ponto de vista da
consciência emocional e espiritual, começamos a despertar e a abrir os corações
a uma nova possibilidade existencial. Começamos a ver com mais frequência
comportamentos que se traduzem por existências mais conscientes de si mesmas.
No entanto, e apesar disso, parece que ainda nos perdemos em velhos conceitos e
comportamentos padronizados, como existências esquecidas, adormecidas e
hipnotizadas pelo medo, pelo ego e pela cegueira de quem se recusa a ver a
própria luz.
Avançamos, mas recuamos.
Aprendemos e esquecemos. Construímos ligações e relacionamentos, tendo por base
os mesmos fatores comportamentais dos nossos antepassados – procuramos a mãe…
procuramos o pai… procuramos o que é diferente da mãe e o que é diferente do
pai, numa tentativa desesperada em completar a totalidade da nossa própria
expressão existencial.
O
início do conceito
Para entendermos melhor esta
temática e desmontar o ciclo vicioso que se gera naturalmente em cada existência
humana, precisamos começar pelo princípio. E o princípio é mesmo o princípio da
tua existência – o momento em que nasces e estabeleces o primeiro contacto com
os teus pais ou cuidadores. Seja quem for que cuide e trate de ti, será nessa
existência que encontrarás referências que ajudarão a criar uma possibilidade
para aquilo que és, ou virás a ser.
Já deves ter ouvido com
certeza, histórias de crianças que ficaram sozinhas com animais, durante os
primeiros tempos de vida e que, se desenvolveram de acordo com o que aprenderam
com eles – chegando mesmo a acreditarem que eram um deles. Tudo começa aí – na
identificação da referência mais próxima, que permite à mente criar um padrão
ou um ponto de partida, originando a ideia base da possibilidade mais válida e
real do que possas vir a ser!
Aceites ou não, esta é a
verdade presente em todo o ser humano – construí-mo-nos de acordo com o que nos
é mostrado. Criamos uma crença ou ideia de nós próprios, tendo por base o
cenário em que vivemos e sobretudo a ideia que temos do ‘homem’ ou ‘mulher’, de
acordo com a nossa condição original – se somos homem ou mulher - transmitida
pelos nossos pais ou por quem nos cria.
Se formos verdadeiros e fiéis
ao coração, conseguimos entender esta questão quando paramos e observamos os
nossos próprios relacionamentos. Faço-te esse convite neste momento – pára um
pouco a leitura, fecha os olhos e faz uma viagem a todos os teus relacionamentos
e ao mesmo tempo, tenta comparar/estabelecer ligação com o teu pai ou tua mãe –
o que acontece?
Possivelmente irás observar
que, todos os teus relacionamentos estiveram de alguma forma relacionados com
as tais referências parentais. Irás descobrir semelhanças, diferenças, pontos
positivos e negativos, mas o mais importante é perceberes o mecanismo com que
esses relacionamentos se desenvolveram – simplesmente usaste referências
naturais criadas a partir do que conheceste e viveste na fase inicial da tua
vida, para te conectares e relacionares.
Por exemplo, se tiveste pais
ausentes, seja fisicamente ou emocionalmente, então terás tendência em atrair
para os teus relacionamentos existências que te comandarão e tentarão criar-te
à sua semelhança. Por outro lado, se tiveste pais presentes, mas que não
corresponderam ao ideal que gostarias, a tendência maior será, atraíres
relacionamentos semelhantes – pois o medo e o foco no que não queres poderá
tornar-se o principal farol para ti e atraíres isso mesmo. Seja como for, isto
é apenas o início de uma jornada de consciência, onde tu terás o papel
principal.
É tempo de olhar para esta
temática de uma forma mais consciente, madura e real, e aceitar a verdadeira
tarefa que nos é pedida – integrar referências parentais em amor e compaixão e
usarmos estas mesmas referências como faróis para a criação de uma existência
original, inteira e fiel a si mesma. Tornando cada vez mais real a
possibilidade de nos ligarmos apenas pela essência original, em vez de
continuarmos a procurar o pai ou a mãe nos relacionamentos. Para isso
acontecer, precisamos dedicar tempo à observação consciente da nossa própria
existência… precisamos dedicar tempo e praticar a presença em nós, através da
meditação e da observação desinteressada.
Antes de tudo, procura saber
relacionar-te contigo mesmo, e antes de julgares, discutires ou ‘banires’
pessoas da tua vida que te deram referências para te tornares naquilo que és
hoje, ama-as e agradece-lhes por essa maestria desinteressada, e pela consciência
que te fizeram chegar.
Sê apenas tu mesmo e serás
livre!
Joaquim Caeiro
Psicoterapeuta da Alma &
Life Coach
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