Amor e Ego podem viver juntos? (Abr 2012)

ZEN ENERGY | ABRIL 2012
Amor e Ego podem viver juntos?

Amor… essa vibração universal que habita em cada coração desde a primeira pulsação - a essência parte da alma, inseparável e infinita. Amor…é apenas o brilho, a luz … a paz natural necessária em cada célula para que tudo aconteça tal como conhecemos.
Ego, oriundo do próprio pulsar da essência mais básica e profunda da vida, desenvolve-se a partir da própria vibração do amor e de toda a energia psíquica do Eu. A fonte da razão e racionalidade, o equilíbrio entre a vontade espontânea e a realidade. Amor e Ego são um só e em si a mesma coisa – aparentemente separados, são na verdade em simultâneo!

Vida
Observe as flores do campo, as ervas e as árvores como nascem, crescem e vivem espontaneamente! Observe a gota de orvalho, o seu brilho e a sua forma natural e efémera. Observe cada cor, cada manifestação natural da mãe terra e entregue-se…entregue-se a si mesmo e ao momento. Observe o momento, o agora fluído…a naturalidade do tempo em cada pensamento, a originalidade de cada emoção em cada acção. Assim é a vida…simplesmente É! Não existem limites, apenas manifestações espontâneas e originais, naturalidade e essência, que se diluem no espaço e no tempo. Se por um lado parece não existir propósito ou objectivo específico por cada manifestação - porque tudo faz parte, tudo é em simultâneo e em tempo real - por outro lado, observamos aquilo a que podemos chamar de inteligência natural, que permite que tudo faça sentido e se conjugue neste cenário maravilhoso que ainda estamos a descobrir e que aprendemos a chamar de vida.

O Amor e a Vida
Décadas e décadas de descobertas, criações, revoluções internas e externas, na tentativa de viver da melhor forma possível e entender o propósito da vida, foram grandes os passos na consciência do que somos, de onde viemos e para onde vamos. Apesar disso, ainda existe a ideia de que Amor, era algo que apenas alguns tinham acesso, e mesmo assim, esses que o alcançavam eram apelidados de loucos ou filosóficos. Mas afinal o que é Amor? Na verdade, Amor já É em cada um de nós. Amor é a própria manifestação em si! Amor é muito mais do que vida, é o que lhe dá origem, o que existe na própria inexistência, o que se manifesta na não manifestação. Amor é Deus em manifestação, a emoção base de todas as emoções, o mecanismo que torna possível o nosso universo individual e colectivo. Não se trata de uma perspectiva filosófica, como talvez esteja a pensar neste momento, é a realidade, a vida e tudo o que faz parte dela acontecem porque todo esse mecanismo se encontra na base. Na tentativa de compreender e explicar o que já, só por si está explicado, sem nos apercebermos criámos confusão e uma espécie de baralhação mental que nos transportou para uma espécie de dormência individual e consequentemente colectiva. O momento actual é o de despertar dessa dormência e aceitar que a realidade que nos transportou para este estado foi apenas uma ponte, um factor essencial à transição para uma nova consciência e verdade. E que seja o que for que encontremos após esse despertar, será exactamente o que precisamos para avançar – nem mais nem menos!

O Ego
Definido como o princípio da realidade por Sigmund Freud (fundador da psicanálise), o Ego é o responsável pela razão e a racionalidade no comportamento humano. Na linguagem mais corrente, poderíamos definir Ego como a manifestação do EU racional, objectiva e fria da alma. Poderíamos até defini-lo como o lado ‘menos bom’ da alma. No entanto, por mais definições que apresentemos, nunca chegaremos à sua verdadeira essência, é como se o seu conceito se diluísse na sua própria verdade. Ego é a outra parte da alma que contrabalança e equilibra a imaginação e a realidade, o pensamento e a acção. Mas também acredito que Ego é Amor - quem melhor do que um amigo que nos faz ver uma determinada realidade por mais dolorosa que seja? Quem melhor do que um pai ou uma mãe que nos chama à razão quando é necessário? – Ego, poderá ser então uma partícula oriunda da essência racional do amor, porque é em amor que tudo se manifesta e faz sentido – portanto Ego é Amor no seu estado racional.

O ego, o amor e a actualidade
Vivemos um tempo especial, não por ser especial, mas por se tratar de um tempo de consciência … o tempo em que vivemos – o nosso tempo! Em cada palavra que escrevo, em cada raciocínio, pensamento ou emoção, identifico a essência do amor e do ego em mim e pergunto-me: o que queres transmitir às pessoas? Qual a mensagem fundamental? Qual a verdade que podes manifestar através das tuas palavras, de forma que, as pessoas sintam e possam viver a uma realidade semelhante à que tu vives – com clareza paz e amor? … e de seguida questiono novamente: será que é necessário transmitires alguma coisa? Será que isso não é apenas um produto do teu ego? Afinal se tudo É e tudo faz parte, então porque tens de escrever, falar e manifestar as mesmas coisas de várias formas, vezes e vezes sem conta? Chego à conclusão que se não fosse o Ego eu não manifestava desta forma o que sinto e o que vivo. Criamos métodos, terapias, formas de tratamento. Apresentamos soluções na criação de condições para as próprias soluções e na verdade o que estamos a manifestar é a essência do ego na sua manifestação mais subtil. Nada está errado, tudo está certo. Nada deveria deixar de existir, muito pelo contrário, tudo É o que tem de ser. A verdade será vista com clareza no momento em que assumirmos que o Ego faz parte e se manifesta naturalmente e por defeito na condição humana.

Haverá apenas um caminho?
Todos os caminhos fazem sentido para quem os escolhe. O único caminho que pode ser semelhante a todos é a ligação à fidelidade que manifestamos a nós próprios. Fidelidade que apenas será alcançada quando assumirmos que a resposta está em nós, e que a única tarefa a desempenhar é realizar o trabalho nesse sentido – resgatar a capacidade em assumir a responsabilidade pessoal, onde encontramos a individual e a colectiva.

O que nos espera?

Acção, atitude, clareza e determinação. Perante tal consciência, podemos ter a sensação que estamos sozinhos ou que a verdade que afinal acreditámos uma vida toda aparentemente deixa de fazer sentido. Queiramos ou não, caminhamos a passos largos para lá, daí a importância de um trabalho coerente na ligação Amor-Ego. Chegaremos finalmente à conclusão que a única tarefa a realizar é SER!

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